Brasil: Potencial Emergente em Data Centers e Energia Renovável

O avanço acelerado da inteligência artificial generativa está impulsionando a demanda global por data centers, acompanhada pela necessidade crescente de energia limpa para suportar o volume exponencial de dados e o treinamento de modelos cada vez mais sofisticados.

Este cenário apresenta uma oportunidade estratégica para o Brasil se posicionar como um exportador relevante de sua capacidade substancial de produção de energia renovável. Analistas do mercado financeiro têm explorado essa perspectiva, reconhecendo o potencial significativo dessa oportunidade, embora haja divergências quanto à capacidade do país em capitalizá-la efetivamente.

O CEO do Banco Santander, um dos mais otimistas, projeta que o Brasil pode emergir como um dos principais beneficiários desse mercado, que movimentou US$ 329,3 bilhões em 2023 e tem potencial para alcançar US$ 438,6 bilhões até 2028, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 6,6%.

Brasil como Hub de Data Centers?

Atualmente, os data centers estão concentrados predominantemente nos Estados Unidos e na Europa, regiões que enfrentam desafios relacionados ao fornecimento de energia, disponibilidade de água e regulamentações rigorosas sobre eficiência energética e emissões de carbono. Nesse contexto, o Brasil se destaca globalmente pela sua capacidade de geração de energia limpa, disponibilidade de recursos e eficiência de custos, conforme destacado pelos analistas do banco espanhol.

A Nvidia, líder em fabricação de semicondutores, declarou:

“Regiões com fontes renováveis abundantes e de baixo custo poderiam hospedar data centers de IA, incluindo a América do Sul.”

Contudo, o UBS, banco suíço multinacional de serviços financeiros e investimentos, adota uma postura mais conservadora. Sua análise indica que, embora o Brasil desenvolva data centers, o volume não será suficiente para atrair investimentos significativos e alterar o cenário de sobreoferta de energia renovável, agravado pelo baixo crescimento econômico e aumento da geração distribuída.

Adicionalmente, a distância geográfica entre os data centers brasileiros e os principais hubs nos EUA e na UE suscita preocupações quanto à latência, fator crítico para as operações dos data centers.

Desafios Estratégicos

Os principais desafios incluem:

  1. Carga tributária e custos de transmissão elevados, que equiparam o preço da eletricidade para data centers no Brasil (US$ 66/MWh) aos níveis praticados nos EUA (cerca de US$ 80/MWh);
  2. Necessidade de expansão da infraestrutura de redes de transmissão e distribuição para garantir disponibilidade de energia próxima a 100% do tempo, especialmente fora da região Sudeste;
  3. Implementação de regulamentação adequada, crucial para atrair investidores globais;
  4. Impostos (PIS/Cofins e ICMS) combinados com custos de transporte de energia, que reduzem a competitividade dos preços da energia.

A equipe do Itaú BBA enfatiza que a regulamentação e a expansão confiável da infraestrutura são áreas-chave para a competitividade do Brasil nesse setor.

O potencial aumento na demanda poderia contribuir para equilibrar a oferta excessiva de energia no médio a longo prazo, elevando os preços dos contratos de compra de energia renovável para níveis mais próximos ao custo marginal de expansão.

Oportunidade de Investimento Estratégico

Empresários e investidores brasileiros devem considerar criteriosamente essas oportunidades e desafios. O Brasil está em uma posição estratégica para capitalizar o crescimento da demanda global por energia renovável e se estabelecer como um player relevante no mercado de data centers impulsionado pela IA.

Fonte: Adaptado da revista Exame.

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