A presença feminina em cargos de liderança ainda é tímida, o que evidencia a necessidade de ampliar o debate sobre ambientes de trabalho justos e inclusivos.
Fomentar a presença feminina em cargos de liderança é um caminho para promover um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo. As mulheres ainda enfrentam desafios para alcançar a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho. De acordo com pesquisa realizada pela Grant Thornton, divulgada em 2022, apenas 38% dos cargos gerenciais nas empresas eram ocupados por mulheres. Os dados sobre a atuação feminina no universo profissional andam na contramão das revoluções tecnológicas e do desenvolvimento digital. Um paradoxo interessante, capaz de mostrar que tantas nuances tecnológicas e digitais rompem velhos paradigmas, enquanto a igualdade de gênero no mundo profissional permanece em pauta, com dados sem grande crescimento e muitas questões a serem alinhadas. É um descompasso que preocupa e alerta sobre a necessidade real de promover o protagonismo feminino no mercado de trabalho.
Mesmo com certos espaços conquistados, as mulheres continuam a enfrentar desafios em busca da igualdade profissional. De acordo com a B3, “as mulheres seguem distantes dos cargos de alta liderança das empresas de capital aberto, apesar do avanço pontual em 2022“. Os números da segunda edição do estudo “Mulheres em Ações”, feito pela B3, a bolsa do Brasil, mostram que a presença feminina em cargos de liderança ainda é um paradigma para muitas instituições, que perdem grandes oportunidades de excelência e inovação, simplesmente por estarem fechando suas portas para essa realidade.
O mapeamento realizado pela B3 mostrou que 61% das instituições analisadas não têm mulheres entre seus diretores estatutários, mesmo percentual verificado em 2021, o que comunica estagnação. Por outro lado, houve um crescimento, ainda que tímido, da participação de mulheres nas posições de conselheiras administrativas uma vez que atualmente 37% das
empresas não têm mulheres no conselho, enquanto que em 2021, esse percentual era de 45%.
Se pensarmos nestes dados, em relação às realidades vivenciadas pelas mulheres, é possível concluir que discursos de igualdade e equidade são narrados por grandes lideranças e organizações, porém a prática tem mostrado um distanciamento expressivo destes discursos.
A ausência das mulheres em cargos de liderança também foi analisada pelo Institute for Business Value – IBM. O estudo global intitulado “Mulheres na Liderança: por que a percepção supera os números”, desenvolvido pelo Institute for Business Value, entrevistou 2.500 profissionais de organizações em 12 países, incluindo o Brasil. Os dados mostraram que o número para cargos de liderança ainda não recuperou os níveis pré-pandêmicos – 14% de representação de mulheres em cargos de vice-presidente sênior e apenas 16% em cargos de
vice-presidente no mundo. A queda na ocupação destes cargos é ainda maior para profissionais seniores e gerenciais não executivos. Globalmente a porcentagem de mulheres ocupando cargos de liderança é de 30%, no Brasil a estatística diminui, sendo de 29%.
Talentos femininos fazem a diferença e desafiam os dados!
A atuação feminina em cargos de liderança é promissora. Quando conquistam seu espaço e podem finalmente fazer a diferença em suas realidades profissionais, as mulheres cativam resultados excelentes e figuram uma conduta que contesta os dados, mostrando-se muito mais do que capazes, liderando com excelência em cada segmento de suas jurisdições. De um lado, os dados do IBGE do ano de 2020 mostraram que apenas 37,4% dos cargos de gerência no Brasil eram ocupados por mulheres. Por outro lado, empresas com uma presença feminina estabelecida em posições de liderança mostraram ser as mais inovadoras e rentáveis.
As mulheres que já conquistaram suas posições de liderança tem deixado um legado extraordinário nos lugares por onde passam. Empresas e instituições que abrem portas para mulheres liderarem se permitem perceber diferentes perspectivas sociais, culturais e empresariais. As mulheres possuem uma visão expansiva e conectada, capaz de aliar diferentes perspectivas temporais, o que contribui para a tomada de decisões assertivas e mais justas dentro das empresas.
Qualidades como colaboração, sensibilidade, empatia, consenso e assertividade estão fortemente ligadas à atuação feminina. As pesquisas têm mostrado que ao assumir o papel de liderança a mulher experimenta mudanças no seu comportamento, comprovadamente as mulheres são potencializadas pelo desafio.
Além disso, as mulheres são biologicamente mais atentas aos detalhes. Em posições de liderança, sua capacidade de análise torna-se muito rápida e a precisão na tomada de decisões é acelerada. Uma gestão mais humanizada, inclusiva e participativa é característica da atuação feminina, afinal possuem habilidades avançadas em desenvolvimento e inteligência emocional.
Como fazer a diferença e propor um ambiente profissional justo
Em alguns cenários a visão de igualdade social é tão defasada que muitas vezes, as empresas não sabem nem por onde começar a implementar as mudanças, já que para mudar de forma relevante é necessária uma mudança na própria cultura organizacional. O primeiro passo é diagnosticar o perfil da empresa, os colaboradores e a cultura que tem se estabelecido em sua visão e atuação.
Após identificar suas raízes e padrões de contratação, atuação e distribuição de cargos, é necessário partir para a mudança da cultura organizacional, com medidas e ações capazes de tornar suas vivências mais inclusivas e identificar o real potencial e diferença que uma liderança feminina pode causar.
Desenvolver uma conduta de recrutamento e seleção consciente e justa é uma solução. De acordo com uma pesquisa realizada pelo LinkedIn, os perfis femininos que se candidatam a vagas possuem 13% menos chances de serem analisados do que os masculinos, ou seja, existe um padrão de comportamento programado para buscar a atuação masculina. Os recrutadores são decisivos para uma transformação nesta área, são eles que irão buscar talentos e conectar pessoas às empresas.
Outra medida é a identificação e o combate às práticas machistas. Infelizmente as práticas machistas estão enraizadas em muitas organizações, mas isso acontece porque ainda estão presentes na mente e na visão de lideranças, gestores e colaboradores. São projeções que ainda residem no mindset de muitas pessoas. Além disso, o machismo não é uma característica presente apenas em homens. Essa mentalidade está conectada ao inconsciente coletivo e às regras de convivência da nossa sociedade.
Fomentar a presença feminina em cargos de liderança começa com o diagnóstico de problemas estruturais convencionais. E para transformar essa realidade é preciso abrir espaço para as mulheres atuarem com seus talentos nas organizações. Ter voz ativa, ser vista e percebida com sua relevância, participar, atuar, decidir e orientar são ações que abrem caminho para um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo.
A criação, o desenvolvimento e a potencialização de uma cultura interna cada vez mais inclusiva e diversa, capaz de valorizar seus profissionais e promover programas internos de capacitação e desenvolvimento de talentos, terá como resultado um modelo de gestão inovador, conectado e sustentável, alinhado com o futuro do mercado de trabalho.
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